Agrotóxicos – Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Santa Catarina (CIATox/SC)

13/07/2018 10:18

Informações Gerais

São substâncias químicas tóxicas, utilizadas principalmente como inseticidas, herbicidas e fungicidas, tanto na agricultura quanto nas áreas urbanas e domicílios.

Como entramos em contato com essas substâncias ?

Consumindo diariamente alimentos ou água com resíduos destas substâncias, respirando o ar contendo aerossóis em suspensão, e aplicando diretamente estas substâncias na produção de alimentos. Neste contexto, todos nós estamos expostos, direta ou indiretamente.

Como essas substâncias entram no nosso organismo ?

Através do nosso sistema digestivo pelos alimentos ou água contaminados, do contato com a pele, e da inalação de partículas em suspensão no ar. Uma das piores formas de contaminação é a da mãe para o feto durante a gestação ou através do leite materno, pois se dá no período de maior vulnerabilidade do nosso organismo, e muitas vezes determina danos irreversíveis para a saúde da criança.

Que tipos de alimentos estão contaminados por agrotóxicos ?

O Brasil é maior consumidor mundial de agrotóxicos desde 2009, e a grande maioria da produção de alimentos no país é baseada na utilização de quantidades cada vez maiores de agrotóxicos. A liberação do uso de sementes transgênicas no Brasil foi um dos responsáveis por este grande aumento na utilização de agrotóxicos nos últimos anos. Hoje a imensa maioria do milho e da soja produzidos no país são transgênicos.
A presença de resíduos de agrotóxicos não se dá somente nos alimentos in natura (frutas e verduras), mas também em muitos produtos alimentícios processados, como biscoitos, salgadinhos, pães, cereais, massas, pizzas e outros que têm como ingredientes o trigo, o milho e a soja por exemplo. Também estão presentes nas carnes, leite e ovos de animais que ingerem alimentos (ração à base de milho e soja) ou água contaminados, devido ao processo de bioacumulação.

Os últimos resultados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos (PARA) da Anvisa revelaram resíduos de múltiplos agrotóxicos em grande parte das amostras de arroz, feijão, farinha de trigo e frutas analisadas em várias localidades do país.

O que são alimentos transgênicos?

São organismos geneticamente modificados, na sua imensa maioria para serem resistentes a herbicidas. Isto permite o uso de altas doses destes agrotóxicos na lavoura, para controlar as “ervas daninhas”, fazendo com que a concentração de resíduos de agrotóxicos nos alimentos se torne cada vez maior.

É possível descontaminar alimentos de resíduos de agrotóxicos?

Lavar com água e sabão ou remover a casca podem reduzir parcialmente a exposição aos resíduos de agrotóxicos, porém não existe maneira eficaz de remover completamente os resíduos da estrutura dos alimentos.

Como estas substâncias afetam a nossa saúde ?

Várias revisões sistemáticas vem sendo publicadas nos últimos anos em periódicos científicos do mundo inteiro, demonstrando a relação entre o contato frequente com estas substâncias químicas, mesmo em baixas doses, e um risco aumentado de várias doenças como:

TOXICIDADE INFANTIL

Baixo peso ao nascer

Microcefalia

Malformações congênitas

Déficit de atenção em crianças

Autismo

Prematuridade

Redução do QI em crianças

DOENÇAS RESPIRATÓRIAS

Infecções respiratórias de repetição

Asma

CÂNCER

Linfoma não-Hodgkin

Leucemias

Câncer de mama, próstata, testículos, ovários

DESREGULAÇÃO ENDÓCRINA

Infertilidade

Disfunção sexual

Disfunção tireoidiana

NEUROTOXICIDADE

Depressão e suicídio

Doença de Parkinson

Esclerose lateral amiotrófica
Polineuropatia

Estas doenças decorrentes da exposição crônica aos agrotóxicos podem aparecer somente depois de muitos anos, dificultando a correlação com o agente causador. Os sintomas em adultos mais fortemente relacionados a exposição crônica a agrotóxicos relatados na literatura científica são cefaléia crônica, fadiga, insônia, ansiedade, irritabilidade, tontura, depressão e parestesias (formigamento) nas mãos e pés.

Como podemos nos proteger ?

Consumindo alimentos orgânicos, livres de resíduos de agrotóxicos, certificados por órgãos de regulação e controle de qualidade. A maior revisão recentemente publicada sugere que o consumo de alimentos orgânicos reduz significativamente a exposição a agrotóxicos e que o consumo de carne de frango e porco orgânicos reduz a exposição a bactérias resistentes a antibióticos. (Smith-Spangler et al. 2012). Clique aqui para visualizar este artigo na íntegra.

Evitando o uso de agrotóxicos, que contamina todas as fontes de recursos vitais, incluindo alimentos, solo, água, leite materno e ar. Uma extensa compilação de estudos realizada por pesquisadores da Universidade de Michigan (EUA) demonstrou que os sistemas orgânicos de produção alcançam rendimentos físicos iguais ou superiores aos dos sistemas que lançam mão de agrotóxicos (Badgley et al. 2007).

Valorizando o pequeno produtor agroecológico. Vários órgãos das Nações Unidas vêm divulgando importantes documentos que apontam a agroecologia familiar em pequena escala como o enfoque mais adequado para a reestruturação dos modernos sistemas agroalimentares (UNCTAD 2013). Clique aqui para visualizar este artigo na íntegra.

Fonte: CIATox/SC

Doutoranda em Nutrição pesquisa a presença de ingredientes transgênicos nos alimentos

05/07/2018 15:17

A doutoranda em Nutrição da UFSC, Rayza Dal Molin Cortese, publicou o artigo A label survey to identify ingredients potentially containing GM organisms to estimate intake exposure in Brazil no periódico científico Public Health Nutrition. Sob orientação da professora Suzi Barletto Cavalli, o artigo analisa a presença de ingredientes transgênicos (derivados de soja, milho e algodão) nos alimentos mais consumidos pela população brasileira.

Segundo a autora, o Brasil é o segundo país que mais planta alimentos transgênicos no mundo, ficando atrás apenas dos EUA. Do total de soja, milho e algodão cultivados no país, 96,5% da soja, 88,4% do milho e 78,3% do algodão são transgênicos, o que nos permite inferir que os produtos derivados de soja, milho ou algodão presentes nos alimentos comercializados no Brasil provém de culturas transgênicas.

Foram identificamos 28 produtos derivados de soja, milho e algodão e uma levedura transgênica que podem estar presentes como ingredientes nos alimentos. Tais produtos podem aparecer nos rótulos com 101 nomenclaturas distintas como, por exemplo, maltodextrina (derivada do milho), gordura vegetal (pode ser derivada de soja, milho ou algodão) e ácido cítrico (pode ser derivado do milho) e 64,5% dos alimentos consumidos pelos brasileiros (segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares) podem conter algum desses ingredientes.

A conclusão do trabalho identificou a presença de, pelo menos, um ingrediente possivelmente transgênico observado em mais da metade dos alimentos mais consumidos pela população brasileira.

Mais informações pelo e-mail 

Edital de Seleção Bolsa Pós-Doutorado – PNPD/CAPES – 2018

27/04/2018 14:00

Resultado final da Seleção de bolsista de Pós-Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Nutrição – PNPD/CAPES:

1 – Michel Carlos Mocellin

2 – Silvia Giselle Ibarra Ozcariz

3 – Stefani Fischer

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Está aberto Edital de Seleção para bolsista Pós-Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Nutrição – PNPD/CAPES (Clique aqui para acessar o Edital).

[ATUALIZAÇÃO 04/04/2018: O Edital de seleção teve mudanças no seu período de realização. Acessem o link acima para verificar as novas informações]

O processo de inscrição ocorrerá entre os dias 28 de março até 19 de abril de 2018 em formulário online.

Em caso de dúvidas, encaminhar e-mail para ppgn@contato.ufsc.br

Projeto “A Cozinha é Nossa”

06/10/2016 13:54

“A Cozinha é Nossa” é um projeto de extensão idealizado e coordenado pela Professora Dra. Ana Paula Gines Geraldo, docente da disciplina de Técnica Dietética da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Também fazem parte desse projeto os alunos do curso de graduação em Nutrição da UFSC: Arthur Thives Mello, Júlia Favaretto e Larissa Isabele Rabello Chechi.

O objetivo do projeto é desenvolver material didático, com recursos audiovisuais, para incentivo ao desenvolvimento de habilidades culinárias entre estudantes do curso de Nutrição e a comunidade em geral.

Em breve nosso conteúdo estará no ar no Canal do Youtube! Não Perca!

 

ICCAS 2017 – 10th International Conference on Culinary Arts & Sciences in Copenhagen

06/10/2016 13:35

Aalborg University and Metropolitan University College irá sediar o 10th International Conference on Culinary Arts & Sciences em Copenhagen. A conferencia acontecerá nos dias 6 e 7 de julho de 2017, com uma pré-conferencia no dia 5 de julho. O tema central do evento será Future Foodscapes. Outros 6 importantes temas serão tratados: 

  • Food service and hospitality
  • Food heritages and authenticity
  • Big food data and small devices
  • Urban food systems and sustainable diets
  • Gastrosophy and culinary sciences
  • Food choice and dynamic consumption

Envio de trabalhos até 01 de novembro de 2016

Mais informações em: http://www.capfoods.aau.dk/iccas17/

 

Revista DEMETRA comunica novas orientações para submissão de artigos

22/08/2016 14:03

“Caro/a leitor/a,

Antes de submeter seu artigo, leia com a atenção as informações e orientações abaixo.

DEMETRA vem crescendo com força nos últimos anos. Hoje é a segunda revista brasileira no campo alimentar-nutricional mais utilizada para publicação de artigos por pesquisadores dos programas de pós-graduação inseridos na área de avaliação “Nutrição” na CAPES.

Assim, é chegada a hora de dar mais um importante passo em nossa trajetória editorial: a redefinição do escopo de artigos a serem publicados.

Na avaliação dos artigos recebidos passamos a valorizar cada vez mais aqueles que apresentam caráter mais profundo em suas análises. Dessa forma, trabalhos de cunho estritamente descritivo, bem como aqueles de interesse ou aplicação circunscritos a espaços geográficos restritos serão reencaminhados aos autores para ampliação e aprofundamento de suas abordagens. Em outras palavras, ainda que o estudo seja realizado com pequeno número de entrevistados, localidades ou instituições, o artigo correspondente poderá ser publicado desde que o investimento analítico seja substantivo, construído em sólidas bases teórico-metodológicas e trazendo contribuições novas ao conhecimento.

Enfim, trata-se de mais um passo no sentido da qualificação do periódico e da ciência no campo da Alimentação e Nutrição.

Para mais informações, veja o Editorial do primeiro número de 2016 intitulado “Reflexões sobre nossa trajetória editorial” em http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/demetra/article/view/21511#.V7g0eZgrKhc.

Agradecemos seu interesse e apoio contínuo em nosso trabalho.

Cordialmente,
Shirley Donizete Prado e Fabiana Bom Kraemer
Editoras”

Dieta da população brasileira está cada vez mais padronizada

10/08/2016 10:58

Elton Alisson | Agência FAPESP – O padrão alimentar de populações situadas em locais isolados na Amazônia, no Nordeste e no Centro-Oeste do Brasil e de comunidades de pescadores no litoral norte de São Paulo está cada vez mais semelhante ao de moradores de regiões urbanas do país.

A dieta de comunidades ribeirinhas na Amazônia brasileira, que antes era composta principalmente por alimentos produzidos localmente, como peixe com farinha de mandioca, por exemplo, passou a ser integrada por alimentos industrializados, como enlatados e frangos congelados produzidos nas regiões Sul e Sudeste do país.

As constatações foram feitas por pesquisadores do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) e da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), em colaboração com colegas das Universidades de Brasília (UnB), Federal do Acre (UFAC) e do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), por meio de uma série de estudos realizados nos últimos anos com apoio da FAPESP.

Alguns dos resultados dos estudos foram publicados nas revistas Ecology of Food and Nutrition e Environment, Development and Sustainability. E foram apresentados durante a “School of Advanced Science on Nitrogen Cycling, Environmental Sustainability and Climate Change”, que ocorre até 10 de agosto em São Pedro, no interior de São Paulo.

Realizado pelo Cena-USP e o Inter-American Institute for Global Change Research (IAI), o evento, financiado pela FAPESP, por meio do programa Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), reúne 100 estudantes de graduação e pós-graduação, sendo 50 do Brasil e 50 do exterior, para discutir sobre a distribuição desigual de nitrogênio no mundo e seu impacto na sustentabilidade ambiental em um cenário de mudanças climáticas globais.

“De uma forma geral, os dados obtidos indicam uma homogeneização do padrão alimentar no Brasil”, disse Gabriela Bielefeld Nardoto, professora da UnB e uma das autoras dos estudos, à Agência FAPESP.

“Apesar do isolamento, as populações rurais de diferentes regiões do Brasil têm aderido cada vez mais à ‘dieta de supermercado’, composta por alimentos processados e ultraprocessados”, afirmou.

Composição isotópica

A pesquisadora começou a estudar em 2002, durante seu doutorado realizado com Bolsa da FAPESP, os padrões alimentares de populações brasileiras usando a composição isotópica de carbono e nitrogênio em amostras de unha, além de uma entrevista (anamnese) em que os participantes são estimulados a recordar o que consumiram nas últimas 24 horas (leia mais em http://revistapesquisa.fapesp.br/2006/07/01/dieta-na-ponta-dos-dedos)

Os estudos iniciais, de 2002, indicaram que a proporção de carbono oriunda de plantas do tipo fotossintético C4 (como cana-de-açúcar, milho e pastagens) na dieta de habitantes de cidades como Piracicaba, no interior de São Paulo, e Santarém, no interior do Estado do Pará, era semelhante.

Já os moradores de pequenas comunidades rurais, distantes cerca de 50 a 80 quilômetros da cidade de Santarém, apresentam padrões alimentares semelhantes entre si, mas totalmente diferentes em relação a moradores da capital do Pará, Belém.

A fim de investigar se essas diferenças de padrão alimentar entre o meio urbano e as comunidades rurais persistiam em outras regiões da Amazônia, os pesquisadores decidiriam realizar, entre 2007 e 2010, um estudo mais detalhado por meio de umapesquisa apoiada pela FAPESP, coordenada pelo professor Luiz Antonio Martinelli, do Cena-USP.

No estudo, eles compararam os padrões alimentares de populações urbanas de Manaus e Tefé, no Amazonas, com comunidades ribeirinhas situadas ao longo do rio Solimões, cuja principal fonte de proteína era o pescado.

Além disso, também investigaram os padrões alimentares em comunidades de caiçaras na região de Ubatuba, ao longo da Rodovia Rio-Santos, e da população de bairros próximos às encostas da Serra do Mar – conhecidos como “sertões” de Ubatuba.

Os resultados dos estudos com essas diferentes populações sugeriram que há uma homogeneização do padrão alimentar de moradores que vivem em aglomerados rurais e urbanos de diferentes tamanhos.

Os pesquisadores não encontraram diferenças isotópicas nas unhas dos integrantes de comunidades caiçaras e do “sertão” de Ubatuba em comparação com os moradores das classes C e D de Piracicaba.

“Essas populações já aderiram totalmente à dieta de supermercado”, afirmou Nardoto. “Os pescadores das comunidades caiçaras, por exemplo, usam parte do dinheiro que conseguem com a venda do pescado para comprar frango congelado no centro de Ubatuba”, contou.

Já entre os moradores das regiões rurais da Amazônia, os pesquisadores observaram que há um vínculo mais forte com os alimentos produzidos regionalmente.

No entanto, notaram uma perda da identidade alimentar dessas populações e a penetração de alimentos industrializados, como frango congelado, bolachas, embutidos e refrigerantes, em suas dietas (leia mais em: http://revistapesquisa.fapesp.br/2011/07/11/frango-no-solim%C3%B5es/). 

“Nossa hipótese era a de que as comunidades mais afastadas dos centros urbanos estariam mantendo a dieta do peixe com farinha. Mas não foi isso que observamos ao longo do rio Solimões”, disse Nardoto.

Quanto mais estruturada a comunidade ribeirinha em termos de acesso à energia elétrica e diesel para abastecimento de barcos para locomoção, mais seu padrão alimentar se assemelhava ao de populações das cidades, que já aderiram totalmente à dieta de supermercado.

O hábito de se alimentar de peixe com farinha de mandioca, por exemplo, está muito mais restrito hoje ao almoço, exemplificou a pesquisadora.

“Eles acabaram preservando consciente ou inconscientemente esse hábito no almoço. Já no jantar e no café da manhã passaram a consumir mais alimentos processados e ultraprocessados”, disse.

A fim de verificar se essa diminuição da diferença do padrão alimentar de populações rurais e urbanas observada em São Paulo se repetia em outras regiões do país, os pesquisadores realizaram um estudo com duas comunidades sertanejas de Mossoró, no Rio Grande do Norte, com moradores da região urbana da cidade e com uma comunidade caiçara na Reserva do Tubarão em Natal, na capital potiguar.

Os resultados das análises indicaram que a composição isotópica das unhas dos integrantes das comunidades caiçaras era semelhante à das sertanejas e à dos moradores da região urbana de Mossoró.

“Pensamos que poderia haver uma diferença no padrão alimentar das populações do sertão, da cidade e litorânea, mas a assinatura isotópica deles é a mesma”, disse Nardoto.

“Esse padrão é muito parecido com o que observamos no Norte, Centro-Oeste e no Estado de São Paulo”, comparou.

Um estudo recente realizado por Rodrigo de Jesus Silva, da Esalq, com Bolsa de doutorado concedida pela FAPESP, analisou a mudança do padrão alimentar de comunidades remanescentes do quilombo Kalunga, situadas na Chapada dos Veadeiros.

Ele constatou que as comunidades que têm mais fácil acesso à estrada já adotaram a “dieta do supermercado”.

Já as comunidades que têm menor acesso à estrada e estão situadas em regiões de difícil acesso apresentam uma dieta mais baseada em alimentos produzidos regionalmente.

“Essas comunidades foram as únicas dentre as que pesquisamos em que observamos essa continuação do padrão alimentar”, disse Nardoto.

Simplificação das fontes

Na avaliação da pesquisadora, a homogeneização do padrão alimentar no Brasil, em razão de fatores como aumento da urbanização e melhoria das condições sociais – que têm levado a mudanças no estilo de vida e à substituição de alimentos produzidos localmente por itens processados –, tem causado uma simplificação das fontes alimentares e uma mudança de uma alimentação C3 para C4.

A dieta do brasileiro, que até então era baseada em alimentos oriundos de plantas do tipo fotossintético C3, como o arroz e o feijão, tem se tornado cada vez mais composta por alimentos originados de plantas C4, como o milho e a soja, presentes na ração de diversos animais, além da cana-de-açúcar.

“Os alimentos C4 não fazem mal à saúde. O problema é como são processados, o que faz com que tenham alto teor de gordura, sal e açúcar e contribuam para o aumento da incidência de obesidade e de doenças cardiovasculares”, ponderou.

Já a perda da identidade alimentar pelas comunidades tradicionais também pode ter impactos na conservação ambiental, apontou.

“À medida que essas comunidades perdem sua identidade alimentar, também acabam perdendo sua relação com a paisagem local. Se não precisam mais do peixe para se alimentar, o rio deixa de ser uma fonte alimentar e passa a ser somente um meio de transporte”, avaliou.

O artigo “Food insecurity in urban and rural areas in Central Brazil: transition from locallu produces foods to processed items” (doi: 10.1080/03670244.2016.1188090), de Livia Penna Firme Rodrigues e outros, pode ser lido por assinantes da revista Ecology of Food and Nutrition em www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/03670244.2016.1188090.

E o artigo “Factors influencing the food transition in riverine communities in the Brazilian Amazon” (doi: 10.1007/s10668-016-9783-x), de Rodrigo de Jesus Silva e outros, pode ser lido na revista Environment, Development and Sustainability emlink.springer.com/article/10.1007/s10668-016-9783-x.

Fonte: Agência FAPESP