Prêmio CAPES Tese 2019 – PPGN é premiado com Menção Honrosa

09/09/2019 12:16

O Programa de Pós Graduação em Nutrição da UFSC recebe Menção Honrosa do Prêmio de Tese CAPES 2019, referente às teses defendidas em 2018.

A Tese intitulada “Efeito da suplementação proteica sobre o estado nutricional e desfechos clínicos em pacientes pediátricos graves em terapia nutricional enteral”  de autoria de Daniela Barbieri Hauschild, orientada pela Professora Yara Maria Franco Moreno, foi selecionada internamente em processo seletivo do PPGN e foi premiada com a Menção Honrosa no Prêmio CAPES deste ano.

A coordenação do PPGN parabeniza a orientadora e a doutora egressa pelo prêmio.

http://capes.gov.br/images/novo_portal/editais/resultados/06092019_Edital_6_2019_-_Resultado_Premio_CAPES_de_Tese.pdf

Egresso de 2018 do PPGN Representa a Coordenação da Pós Graduação de Nutrição da Universidade Federal da Grande Dourados no Seminário de Meio Termo – CAPES

30/08/2019 17:27

Ricardo Fernandes, Dr., egresso de 2018 do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFSC, orientado do Prof. Erasmo Benício Santos de Moraes Trindade, Dr., participou como representante da Coordenação da Pós Graduação de Nutrição da Universidade Federal da Grande Dourados no Seminário de Meio Termo – CAPES no último dias 26 e 27 de agosto. 

Disciplina Metodologias Ativas de Ensino-Aprendizagem

25/07/2019 12:15

O Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC/UFSC) oferecerá no segundo semestre de 2019 a disciplina de Metodologias Ativas de Ensino-Aprendizagem.

Matrícula: A partir de 15/08/2019, na secretaria do PPGSC.

Carga horária: 45h, quartas-feiras (14h às 18h).

Docentes: Prof. Dra. Liliane Tannús, Prof. Dra. Daniela Carcereri, Prof. Dr. Sérgio de Freitas.

 

Amamentação interrompida leva a desperdício de US$1 bilhão por dia

17/07/2019 09:05
A interrupção da amamentação custa diariamente quase US$ 1 bilhão (equivalente a R$ 3,76 bilhões) por dia devido à perda de produtividade e aos custos com saúde, alertam especialistas. Uma pesquisa feita por cientistas da Austrália e da Ásia mostra que o mundo poderia poupar US$ 341 bilhões por ano se as mulheres pudessem amamentar seus filhos por mais tempo, ajudando a prevenir doenças e até evitar mortes infantis. Intitulado “O custo de não amamentar”, o estudo levou seis anos e foi apoiado pela iniciativa americana “Alive & Thrive”, focada em nutrição infantil.
— O aleitamento materno é um direito humano. Salva vidas e aumenta a prosperidade econômica — afirma o especialista em economia da saúde Dylan Walters, líder da pesquisa.
Os cientistas colheram informações em mais de 100 países através de um website.O objetivo é disponibilizar os dados para ajudar formadores de políticas públicas a medir as perdas econômicas em cada país e entender o quanto o apoio ao aleitamento materno ajuda na economia.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que bebês alimentem-se exclusivamente de leite materno nos primeiros seis meses. Depois disso, é indicada uma dieta que inclua o leite materno, entre outros alimentos, até a criança completar dois anos de idade.
A amamentação pode prevenir que a criança tenha diarreia e pneumonia, duas grandes causas de morte infantil. Amamentar também protege as mães contra câncer de mama e de ovário. Mas apenas 40% das crianças com menos de seis meses são amamentadas exclusivamente em nível mundial, enquanto 820 mil mortes infantis poderiam ser evitadas a cada ano se a recomendação for seguida.

Participação do NUPPRE em evento do IDEC em Fortaleza/CE

15/07/2019 10:48

A doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Nutrição (PPGN/UFSC), Mariana Vieira dos Santos Kraemer participou do Encontro Técnico de Defesa do Consumidor: Capacitação em Publicidade de Alimentos e Direito do Consumidor, nos dias 26 e 27 de junho de 2019, em Fortaleza/CE. O Encontro foi promovido pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – IDEC – em parceria com a Procuradoria Geral de Justiça (PGJ/CE) e o Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (DECON/CE) e teve como objetivo conscientizar e capacitar os diversos atores do direito acerca dos riscos e das violações de direitos relacionadas à publicidade de alimentos abusiva e enganosa. Durante o evento, Mariana representou o Núcleo de Pesquisa de Nutrição em Produção de Refeições (NUPPRE/UFSC) e apresentou as pesquisas desenvolvidas pelo grupo na temática de rotulagem nutricional.

Pesquisa de aceitabilidade de lanches mais saudáveis

24/06/2019 13:42
     O projeto AMAS-UNI (Ambiente Alimentar e Saúde na Universidade) avalia o ambiente alimentar da UFSC e o estado de saúde dos universitários. Como parte deste projeto, será realizado um teste de aceitabilidade de lanches mais saudáveis e economicamente acessíveis.
     O convite se estende a alunos de graduação, alunos de pós-graduação, professores e técnicos administrativos. Os testes serão realizados dos dias 01/07 a 13/07.
     Para participar, os voluntários devem se inscrever através do link http://abre.ai/sejaumprovador ou pelo QR Code da imagem de divulgação. Após a inscrição serão enviadas as informações referentes aos dias e horários disponíveis e também ao local de realização.

Da comida in natura para a comida de caixinha: os efeitos de um sistema alimentar insustentável

17/06/2019 14:18

Por Alessandra Nahra

Antes uma pequena vila de pescadores descendentes de portugueses, a Guarda do Embaú, localizada a cerca de 40 kms ao sul de Florianópolis, foi “descoberta” pelos surfistas a partir dos anos 80 e hoje recebe milhares de turistas todo o verão. Dona Candinha, nascida lá há quase um século, toma o café da manhã: pão com margarina, bolacha, café com leite. Dona Candinha, o que a senhora comia no café da manhã antes do supermercado chegar? “Ah minha filha, a gente comia batata-doce, aipim, amendoim, arroz pilado, banana, ovo das galinhas que eram criadas aqui no quintal…”.

Hoje em dia, apenas um quinto da população brasileira come majoritariamente (85%) comida in natura ou minimamente processada, segundo um dado da POF – Pesquisa de Orçamentos Familiares. Apesar de parecer pouco, não é ruim, se comparado a alguns países mais desenvolvidos, cuja alimentação da maior parte da população é totalmente baseada em “comida de caixinha”. A comida in natura é abundante e acessível no Brasil, o país das feiras-livres e restaurantes à quilo. Comida de verdade ainda pode ser encontrada mais barata, em certos lugares, do que alguns produtos ultraprocessados — mas eles estão ganhando cada vez mais espaço nas prateleiras de supermercados e vendinhas de bairros pelo Brasil todo. Quem viu o documentário Muito além do peso deve se lembrar da cena que mostra o “Supermercado Flutuante de Produtos das Nestlé” vendendo ultraprocessados para uma comunidade ribeirinha no Pará (aos 1:23 do documentário).

Como chegamos a isso? O que levou dona Candinha — e todos nós — a mudar a alimentação?

Começa com o processo de urbanização, passa pela industrialização, e deságua no acesso aos objetos e símbolos da contemporaneidade. Assim como aconteceu com dona Candinha e sua família, nas últimas décadas do século 20 fomos deixando de comer comida in natura, grãos, frutas e vegetais, e começamos a pegar pesado no açúcar, gordura, carne, derivados do leite. E a optar pela praticidade dos processados. Contamos com as facilidades da vida moderna para encarar longas jornadas de trabalho e horas no trânsito — e ainda ter que pensar no cuidado da casa e nas refeições da família — e nos vemos dependentes delas. Pizza congelada, nuggets, macarrão instantâneo, bolacha recheada, iogurtes cheios de açúcar e corantes, que “valem por um bifinho”. A gente terceirizou nossa alimentação. Não apenas a produção, distribuição e preparação, mas também a escolha e a decisão. Nos alienamos desse processo tão importante que é o se alimentar.

Hoje, o modelo agroalimentar foi sequestrado pelos interesses de um punhado de corporações do agronegócio e grandes varejistas, que buscam apenas ganhar dinheiro com algo tão essencial como é a comida. Comer de forma consciente envolve perguntar-se de onde vem o que consumimos, como foi elaborado, em que condições, e por que pagamos por isso um determinado preço. Significa tomarmos o controle de nossos hábitos alimentares, e não simplesmente delegar. (Esther Viva Esteves, O Negócio da Comida)

Nossa comida, a que a compramos no “super”, é produzida por um sistema agroalimentar baseado em cadeias de suprimentos globais que distribui os mesmos produtos, padronizados e encaixotados, praticamente no mundo inteiro, e envolve processos insustentáveis do início ao fim. Em sua base está a agricultura de larga escala que ocupa grandes extensões de terra na Amazônia e no Cerrado e faz uso intensivo de sementes geneticamente modificadas e agrotóxicos, dos quais o Brasil é o campeão mundial em consumo, segundo o Dossiê Abrasco, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva.

Guia Alimentar recomenda que a base da alimentação seja composta por alimentos in natura ou minimamente processados. (Foto: Alessandra Nahra)

Estes sistemas alimentares, na descrição Guia Alimentar para a População Brasileira 2014 (pg. 19), “operam baseados em monoculturas que fornecem matérias-primas para a produção de alimentos ultraprocessados ou para rações usadas na criação intensiva de animais. Dependem de grandes extensões de terra, do uso intenso de mecanização, do alto consumo de água e de combustíveis, do emprego de fertilizantes químicos, sementes transgênicas, agrotóxicos e antibióticos e, ainda, do transporte por longas distâncias. Completam esses sistemas alimentares grandes redes de distribuição com forte poder de negociação de preços em relação a fornecedores e a consumidores finais”.

A comida produzida por essa indústria não merece nem ser chamada de alimento. É o reino dos ultraprocessados: a gente olha o rótulo e não reconhece os ingredientes. Estamos sendo alimentados por grandes corporações multinacionais que não têm a saúde humana como prioridade e que mantêm a população refém do sabor artificial que vicia através de aditivos como glutamato monossódico ou a inebriante combinação de açúcar com gordura (levanta a mão quem nunca comeu um pacote inteiro de bolacha recheada de uma sentada só). No Brasil, a obesidade cresceu 60% nos últimos 10 anos, segundo pesquisa do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico de 2016. O Guia Alimentar para a População Brasileira (assim como diversos estudos) aponta que a maior disponibilidade de produtos alimentares ultraprocessados é associada a uma maior prevalência de excesso de peso e obesidade em todas as faixas etárias.

O Guia Alimentar para a População Brasileira

Publicação do Ministério da Saúde, o Guia Alimentar para a População Brasileira recomenda que a base da alimentação seja composta por alimentos in natura ou minimamente processados; que se limite o consumo de alimentos processados, e que se evite completamente os ultraprocessados. “O Guia promove a valorização da cultura alimentar local”, diz Elizabetta Recine, docente e coordenadora do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da Universidade de Brasília e que ocupava o posto de presidente do Consea até a extinção do conselho, em janeiro.

Considerando a dimensão nutricional, o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, desenvolveu suas diretrizes para a promoção da alimentação adequada e saudável a partir de princípios que assumem que a alimentação é muito mais do que a ingestão de nutrientes, que a alimentação adequada e saudável depende de sistemas alimentares sustentáveis, que a ecologia de saberes é fundamental para compreender e promover a alimentação saudável e que é necessário ampliar a autonomia dos sujeitos e comunidades para suas escolhas alimentares. (Elizabetta Recine em artigo no portal Embrapa)

O Guia fala sobre ser crítico quanto a informações sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais. E da importância de buscar alimentos locais, da estação, produzidos sem veneno, pela agricultura familiar de base agroecológica. Ou seja, propõe a substituição do sistema alimentar agroindustrial por outro, ambientalmente sustentável e socialmente justo, que pressupõe a produção de alimentos sem agrotóxicos, pelo pequeno agricultor familiar. E a comercialização em circuitos curtos — que reduzem o número de elos que separa quem produz de quem consome alimentos. “Não importa se esse alimento for in natura, beneficiado ou minimamente processado, acessar alimentos diretamente com quem produz é incentivar uma cadeia — ou circuito — curto de alimentos. São vários os benefícios ambientais, sociais individuais e coletivos do fortalecimento de circuitos curtos”, explica a nutricionista e curadora alimentar Bruna de Oliveira em matéria no site Herbívora. Entre as opções de circuitos curtos estão as feiras de produtores, grupos de consumo, CSA – Comunidade que Sustenta a Agricultura (o IDEC tem um mapa dessas iniciativas pelo Brasil).

Regulamentação

Não basta, no entanto, o incentivo à mudança de comportamento individual. Somos presas fáceis de uma indústria multimilionária que conta com a publicidade em horários nobres — ou dedicados à programação infantil — em grandes veículos de comunicação. O glamour da comida pronta, dos produtos aromatizados, açucarados, saborizados e coloridos, e dos preparados e embutidos de carnes e derivados de animais é aspiracional. Artistas de TV fazem propaganda. A dona de casa quer. É só aumentar a renda que aumenta o consumo de produtos desse tipo. Dona Candinha não quer mais comer batata-doce no café da manhã — pois isso é coisa de “pobre”. Ninguém vê a família da zona sul carioca na novela da Globo comendo batata-doce.

Uma alimentação de qualidade é direito garantido pelo artigo 6º da Constituição Federal Brasileira. (Foto: Alessandra Nahra)

Portanto, além de informação e educação, é preciso que se faça e se apliquem políticas públicas que facilitem e incentivem a produção e distribuição de alimentos in natura ou minimamente processados, de base agroecológica, como a lei nº 11.947, de 16/6/2009, que destina 30% do valor repassado pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAEpara a compra direta de produtos da agricultura familiar. Ações para a regulamentação da publicidade e venda de produtos em ambiente escolar também estão em tramitação: o Projeto de Lei 2640/15, que proíbe a promoção de qualquer atividade com conteúdo comercial nas escolas públicas e privadas de ensinos fundamental e médio, e o Projeto de Lei 1755/07, que proíbe a venda de refrigerantes nesses ambientes. A informação sobre alimentos processados e ultraprocessados também está em debate. A Anvisa discute atualmente um novo modelo de rotulagem nutricional com o objetivo de deixar mais claras para o consumidor as informações sobre os produtos.

Essas iniciativas estão sujeitas, naturalmente, ao tremendo lobby das indústrias. E a interesses políticos que também não parecem atender às necessidades da população. O Ministro da Saúde, por exemplo, recentemente defendeu, em entrevista à radio CBN, um modelo de rotulagem considerado ineficaz pelas organizações de saúde pública. O Consea, Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional — responsável por fazer controle social e abrir espaço para a participação da sociedade na formulação, monitoramento e avaliação de políticas de segurança alimentar e nutricional, além de ser um dos três pilares do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional — foi extinto no primeiro dia do novo governo federal. Em São Paulo, o governo estadual está mudando o cardápio da alimentação escolar, diminuindo alimentos in natura e substituindo por processados.

A alimentação, direito garantido pelo artigo 6º da Constituição Federal Brasileira, atualmente é um negócio que movimenta uma indústria multimilionária. “O Brasil tem muita relevância no cenário da alimentação. Como é o maior país da América do Sul, é um grande mercado”, aponta Camila Maranha, da ACT Promoção da Saúde. A mercadoria principal, sendo vendida a “preço de banana” para aumentar os lucros dessa indústria, é a autonomia e a segurança alimentar — além da saúde do cidadão e do planeta.

Link: https://www.sul21.com.br/ultimas-noticias/geral/2019/06/da-comida-in-natura-para-a-comida-de-caixinha-os-efeitos-de-um-sistema-alimentar-insustentavel/